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O aumento do frete da pandemia

Nos últimos meses acompanhamos um crescimento muito acelerado no valor dos fretes marítimos, e o Comex em geral está tentando se adaptar à essa situação inusitada.

Apesar de ter se evidenciado logo após o início da pandemia, esse aumento já vinha sendo programado pelos armadores há cerca de três anos atrás. Essa previsão surgiu quando viram a necessidade de criar algo para que o frete, que estava muito baixo, e “estavam pagando para trabalhar”, chegasse num valor que conseguissem recuperar este prejuízo. Nessa época, mudanças já estavam sendo feitas, pois os armadores começaram a trabalhar no limite da quantidade de navios, diminuindo essa frota no mercado, juntamente com a quantidade de contêineres. A intensão era que houvesse a lei da oferta e da procura, pois com menos contêineres e navios no mercado, a probabilidade era que o frete aumentasse.

Diante disso, a perspectiva era que todo esse projeto surtisse efeito a médio prazo, pois não esperavam que surgisse a pandemia.

Com a pandemia, o comércio exterior ficou de ponta cabeça e os armadores se depararam com o “cenário perfeito”, já que os países entraram em lockdown, portos foram fechados mundialmente, contêineres ficaram parados no porto de transbordo e os que chegavam ao destino, não conseguiam ser liberados. Com isso, o frete que anteriormente custava entre US$ 50,00 e US$ 100,00 saindo da China, chegou no patamar de US$ 10.000,00, podendo atingir um valor bem maior.

Mercados como China e Europa, e China e Estados Unidos, pagam mais de US$ 10.000,00 por trecho, resultando no total de US$ 20.000,00 em ida e volta. No Brasil, o trecho com a China, por exemplo, é aproximadamente entre US$ 1.000,00 e US$ 2.000,00 na ida, e entre US$ 8.000,00 e US$ 10.000,00 na volta, totalizando valores entre US$ 9.000,00 e US$ 12.000,00 em ida e volta.  Isso quer dizer que o valor é bem menor quando comparado ao trecho China e Europa, e China e Estados Unidos. Esse cálculo é feito pelo armador, que considera a quantidade de combustível e quantidade de container, fazendo um balanço do trecho ida e volta.

Comparando com os outros trechos, não compensava para o armador trazer navios e contêineres para as rotas que envolviam o Brasil, pois as outras rotas proporcionavam mais lucro. Agora a probabilidade é que o frete seja equiparado com as outras rotas, fazendo com que os armadores tenham interesse em operar também nas rotas do mercado brasileiro com mais navios.

Outro ponto que chama a atenção e faz com que o mercado fique mais aquecido, é que todo ano os armadores descartam os contêineres que estão sucateados, e geralmente a quantidade de contêineres que são colocados no mercado é maior que a quantidade que está sendo retirada (sucateada). Porém, no ano passado, a quantidade de descarte foi maior que a quantidade de contêineres adicionados à frota.

Calcula-se que hoje em dia existam 24.000.000 TEUs no mundo, disponíveis para embarque. Acredita-se também que a demanda é muito maior que esta quantidade e por este motivo, a conta não fecha.

Uma pergunta que se faz é: quando a tempestade irá passar? Sinceramente, não se tem uma certeza. O que sabemos é que a produção de navio e equipamentos para suprir toda essa demanda é a longo prazo, demorando em torno de 5 anos. Então, com esta situação, a previsão de melhora do mercado para os mais otimistas, sem falta de contêineres e navios, é de no mínimo 4 anos.

Enfim, estamos em uma situação bem complicada e não vemos uma luz no fim do túnel.

 

Autor: Everton da Silva – Coordenador de exportação.

 

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